sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quinta Poética [27 de agosto]



Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

Rubens Jardim, 62 anos, é jornalista e poeta. Publicou poemas nas antologias: 4 Novos Poetas na Poesia Nova (1965, SP), Antologia da Catequese Poética (1968, SP), Poesia del Brasile D'oggi (1969, Itália), Vício da Palavra (1977, SP), Fui Eu (1998, SP), Poesia para Todos (2000, RJ), Antologia Poética da Geração 60 (2000, SP), Letras de Babel (2001, Uruguai), Paixão por São Paulo (2004, SP), Rayo de Esperanza (2004, Espanha), Congresso Brasileiro de Poesia (2008, RS). É autor de dois livros de poemas: Ultimatum e Espelho Riscado. Promoveu e organizou o ANO JORGE DE LIMA em 1973, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta), evento que contou com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e outras figuras importantes da Literatura Brasileira. Organizou e publicou Jorge, 80 Anos, uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano. Integrou o movimento Catequese Poética, iniciado por Lindolf Bell, em 1964, cujo lema era: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.

Raquel Naveira é escritora de Mato Grosso do Sul, residindo agora em São Paulo. Professora universitária com Mestrado em Comunicação e Letras pela Mackenzie. Autora de vários livros de ensaios e de poemas, entre eles "Casa e Castelo", "Portão de Ferro" e "Literatura e Drogas - e outros ensaios.

Zuleika dos Reis, paulistana, formada em Letras Vernáculas pela Universidade de São Paulo, publicou “Poemas de Azul e Pedra”, em 1984; “Espelhos em Fuga” (poesia), pela Editora Objetiva, em 1989; “Flores do Outono” (livro de tankas) pela Editora Arte Paubrasil, em 2008. Sua produção literária pode ser encontrada em antologias e em diversos sites da Internet.

Deborah Goldemberg, nascida em São Paulo, em 1975, é antropóloga e escritora. Atuou na área de desenvolvimento local sustentável no Norte e Nordeste do Brasil durante uma década. Estreou com o livro “Ressurgência Icamiaba” (Selo Demônio Negro, Ed. Annablume, 2009), após publicar diversas crônicas e poemas em coletâneas. Seu segundo livro “O Fervo da Terra” (Ed. Carlini & Caniato) será lançado em setembro de 2009. Agitadora da literatura transbrasileira e multiétnica, foi curadora do I Sarau das Poéticas Indígenas da Casa das Rosas (2009), é colunista do Global Voices e da revista eletrônica de Oca das Letras. Blog pessoal: http://ressurgenciaicamiaba.blogspot.com/

Neuza Pinheiro é paranaense, cantora, compositora e poeta. Prêmio nacional de melhor intérprete cantando Arrigo Barnabé. Trabalhou com Itamar Assumpção. Vencedora do Prêmio Nacional de literatura Lúcio Lins (dez/2007-FUNJOPE-PB) com o livro de poemas “Pele & osso”, semifinalista do Prêmio Portugal Telecom 2009. Gravou o CD independente Olodango (www.myspace.com/neuzapinheiro). Com o trabalho “Profissão de febre”, vem musicando poemas de Paulo Leminski e outros poetas brasileiros como Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Rodrigo G Lopes e outros. Mantém o blog www.spiritualsdoorvalho.blogspot.com. Socióloga, funcionária pública. Vive em Santo André.


Quinta-feira, 27 de agosto de 2009
a partir das 19h

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499

Próxima QUINTA POÉTICA: 24 de setembro de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Entrevista com Floriano Martins



Escrituras Blog: Seu interesse e intercâmbios com a literatura e a poesia hispano-americana são uma marca forte em seu trabalho, tanto de tradutor, ensaísta e poeta, quanto de agitador cultural e organizador de projetos, eventos – virtuais ou não. Essa atitude e abertura intelectual não parece ser uma característica da maioria dos criadores brasileiros. De onde vem essa sua pegada?

Floriano Martins: Eu diria que não é característica da cultura brasileira em geral. Isto significa dizer que também não se restringe ao ambiente literário. O que teve início em uma curiosidade minha, a de estranhar minha ignorância em relação a autores que encontrei citados em um livro, acabou se convertendo em um princípio histórico, em momento algum desprovido de intensa paixão, de trazer à superfície do cenário cultural no Brasil não somente o que houver de mais relevante nos 19 países que conformam a América Hispânica, quanto igualmente chamar a atenção para o que perdemos pela ausência de um diálogo que, ao reforçar a cultura de seus protagonistas, enriqueceria também a atuação política e social de todos esses países.

EB: A coleção Ensaios Transversais, da Escrituras, já abrigava um título seu. Lá você tratou do Surrealismo na poesia da América Latina. Fale-nos um pouco sobre sua paixão pelo Surrealismo e a importância que você detectou nele para a poesia, em especial a brasileira, visto que há muitos poetas e críticos que o veem como um movimento datado e já sem força alguma.

FM: Agora mesmo eu tenho em finalização um outro livro dedicado ao Surrealismo em todo o continente americano, em toda a América, livro que se soma a este que mencionas, O começo da busca (2001) e à antologia Un nuevo continente (publicada originalmente em 2004, na Costa Rica, e posteriormente bem ampliada para sua inclusão no catálogo da Monte Ávila, na Venezuela). Para uma cultura literária que tem no Parnasianismo sua corrente eterna, somando a isto outros aspectos como uma forte presença do catolicismo e uma tendência dessa cultura de evitar comprometer-se com qualquer circunstância, é natural que o Surrealismo tenha sofrido avantajada rejeição. Movimentos culturais, em qualquer lugar, pela própria dinâmica de suas ações, possuem altas e baixas, podem ou não ser recuperados em momentos posteriores ao de seu marco fundacional, e isto dependerá sempre da força de diálogo mantido entre a matriz e sua eventual afluência. O Brasil aceita com deplorável conivência, de forma eu diria quase que submissa, os estratos decrépitos das vanguardas mais acentuadamente formalistas, e ao mesmo tempo é um crítico impagável daquelas outras que tocam mais agudamente as relações entre vida e obra. Basta olhar em volta o reflexo de tal caráter.

EB: Seu mais recente lançamento na casa é o livro de ensaios A inocência de pensar. O título é curioso. É necessária certa inocência para se pensar o novo? Conte-nos como você concebeu o livro. Os ensaios surgiram já com a idéia de possivelmente formarem um álbum crítico unificado?



FM: O título é uma bela luz que me foi dada pela leitura da correspondência entre Guimarães Rosa e Curt Meyer-Clason. A inocência referida relaciona-se com a alma limpa de vícios e lugares-comuns. Os temas abordados no livro o são sem conflito canônico, sem interferência dogmática. Uma leitura despojada de artifícios acadêmicos e que naturalmente se relaciona com essa condição renascentista tão bem lembrada por Jacob Klintowitz no prefácio. Os ensaios surgiram em momentos distintos, como componentes de uma visão de mundo que segue se renovando. Que encontrem afinidade estilística é precioso e espontâneo. O livro nasceu, em seu conjunto, em seu desenho estrutural, no momento em que me deparei com a imagem da inocência cunhada por Guimarães Rosa.

EB: Não podemos deixar de mencionar a importantíssima coleção Ponte Velha, criada pelo grande poeta Carlos Nejar e que, agora, você coordena e organiza. Fazia falta uma coleção como essa aqui no Brasil. Por que dialogamos tão pouco com a literatura portuguesa? Sabemos que a recíproca também é verdadeira. Ou não?

FM: A Ponte Velha surge em 2003, com a publicação de livros da Ana Marques Gastão e do António Osório. Nestes dois primeiros títulos ainda nem aparece o nome da coleção. No ano seguinte eu viajo para Portugal, ali conheço a Ana Marques Gastão (de quem inclusive traduzo um livro para o espanhol, um projeto luxuoso que inclui reprodução em cores de 25 obras da artista Paulo Rego) e também a Rosa Alice Branco. É a Rosa Alice quem facilita os contatos com Nuno Júdice e Pedro Tamem, que são os dois autores seguintes da coleção, ao lado dela própria (livro este que traz prefácio meu), quando então já aparece pela primeira vez o nome Ponte Velha. Já neste mesmo ano eu assumo, na prática, a coordenação da coleção, embora ainda apareçam os nomes de António Osório e Carlos Nejar como coordenadores (somente em 2007 é que ambos são devidamente situados pela editora como criadores da coleção e não coordenadores). Durante todo este processo de ambientação da coleção eu diria que Carlos Nejar mais atrapalhou do que ajudou, o que não quer dizer que a editora não seja a ele agradecida por haver feito, juntamente com António Osório, o contato inicial com o Ministério da Cultura em Portugal. Este esclarecimento todo eu acho bastante oportuno e agradeço que tenhas tocado no tema. Quanto ao diálogo entre literaturas de língua portuguesa, especialmente Brasil e Portugal, é sempre um exemplo para aqueles que afirmam que a ausência de intercâmbio cultural entre Brasil e América Hispânica justifica-se pela barreira linguística. Os motivos podem ser da ordem da empáfia, do descaso, da ignorância, porém não creio que mereçam mais que se reflita a respeito. Cabe tratar de mudar esses hábitos tão perniciosos à cultura, numa margem e outra do Atlântico. Editores portugueses se mostraram mais interessados em literatura brasileira nos últimos tempos. Além da coleção Ponte Velha, há outras editoras no Brasil que vêm publicando autores portugueses, embora nosso caso seja único em termos de consistência editorial. O canal, portanto, está aberto, sendo fundamental agora avançar no sentido de ampliar o raio de ação, o que pode ser feito através de ciclos de debates, palestras, leituras, buscando adesão do meio acadêmico, incluindo a presença viva dos autores, a exemplo do que foi possível realizar na 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, em novembro de 2008.


[Entrevista concedida por e-mail a Edson Cruz]


Floriano Martins (Fortaleza, 1957) é poeta, editor, ensaísta e tradutor. Em janeiro de 2001, criou o projeto Banda Hispânica, banco de dados permanente sobre poesia de língua espanhola, de circulação virtual, integrado ao Jornal de Poesia. Organizou algumas mostras especiais dedicadas à literatura brasileira para revistas em países hispano-americanos: Blanco Móvil (México, 1998), Alforja (México, 2001) e Poesía (Venezuela, 2006). Também organizou a mostra Poesia peruana no século XX (Poesia Sempre, Brasil, 2008), ao mesmo tempo em que foi corresponsável pelas edições especiais Poetas y narradores portugueses (Blanco Móvil, México, 2003), Surrealismo (Atalaia Intermundos, Lisboa, 2003) e Poetas y prosadores venezolanos (Blanco Móvil, México, 2006). Dentre seus livros de poesia mais recentes, encontram-se Tres estudios para un amor loco (trad. Marta Spagnuolo. Alforja Arte y Literatura A.C. México, 2006), Duas mentiras (Projeto Dulcinéia Catadora. São Paulo, 2008), Teatro Imposible (trad. Marta Spagnuolo. Fundación Editorial El Perro y la Rana. Venezuela, 2008) e A alma desfeita em corpo (Apenas Edições. Lisboa, 2009). Juntamente com Lucila Nogueira, organizou e traduziu o volume Mundo mágico: Colômbia (Poesia colombiana no século XX) (Edições Bagaço. Pernambuco, 2007), também sendo autor de Un nuevo continente (Antología del surrealismo en la poesía de nuestra América) (Monte Ávila Editores. Venezuela, 2008). Atuou ainda como curador da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008), função que voltará a desempenhar em 2010, e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009). Juntamente com Claudio Willer, dirige a revista Agulha (www.revista.agulha.nom.br) - Prêmio Antonio Bento (difusão das artes visuais na mídia) da ABCA/2007. E-mail: agulha.floriano@gmail.com

domingo, 2 de agosto de 2009

Cruzando as pontes



O poeta português Nicolau Saião tem uma bibliografia extensa em Portugal. Nasceu em 1946, fez parte do segundo movimento surrealista português (nos anos 60) e só começou a publicar na década de setenta. Seu livro de poesia Os olhares perdidos foi selecionado e publicado no Brasil pela Escrituras na coleção Ponte Velha. Nele encontramos poemas da seguinte cepa:

PALAVRA

São apenas três manchas brancas sobre as plantas do jardim
e outra azul mais pequena mesmo posta ao lado dum banco de
tábua

E nós pensamos: uma para as saudades, a segunda para os
remorsos
a terceira para os que tentam reter a tosse que os sufoca.
Mas a quinta mancha é cinzenta. E apesar de fria como um
sobressalto
pesa-nos no peito, pesa-nos na memória e revolve-se
no ventre enquanto tentamos reflectir angustiados.

Uma lua e um Sol estão sobre a silhueta de um animal morto
hirto, com estranhos círculos no lombo, os olhos cintilando
como alguém escondido numa viela cheia de lixo.

A vossa vigília durará até que os ramos se afastem
que o transeunte de acaso de repente caia de joelhos
ante a noite que chega, guardando um grito na garganta

e fale mansamente olhando as árvores que desaparecem na
luz.


Nicolau Saião, gentilmente, nos respondeu por e-mail à três questões essenciais:

1) O que é poesia para você?

Busquemos distinguir desde já: há a poesia inerente às coisas, essa que subjaz ao acontecimento de viver com tudo o que lhe pertence – contentamentos e mágoas, sabores e cheiros, os ruídos e o silêncio, o alto e o baixo, o de fora e o de dentro, como sagazmente diziam os antigos ou modernos alquimistas. A poesia que existe no “simples cair dum lenço”, para usar a expressão de Péret.
Ou seja, aquilo que se propicia através da simples existência sensível e nos permite perceber a beleza, como por exemplo dizia Raymond Macherot, “que reside no reflexo dum raio de sol, quase ao crepúsculo, ao bater na porta de madeira dum armário antigo”. Ou, como referia Cesariny, sentir algo “tão alto e seroal/ tão de minha invenção”.
Depois há a poesia que nós fazemos ou que outros fazem, aquela poesia palpável que se constrói ou desconstrói, em todo o caso se forja, através da escrita, da palavra posta na brancura do papel. E que apanhamos dum momento para o outro, de súbito, que nos chega sem sabermos bem de onde veio, de que recantos misteriosos partiu. E, noutras alturas, atingimos depois de um trabalho aturado e que, a uma volta da frase, apanhamos de chofre e logo após guardamos como um tesoiro, como uma descoberta amorável e definitivamente plasmada no tempo e no espaço.

2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?

Se te referes a um iniciante na escrita, no criar poesia mediante a escrita, creio que deve saber escutar os sinais que o rodeiam, as vozes interiores e exteriores que existem e que o poeta, se o é, pode captar para depois lhe possibilitar escrever perduravelmente. Escrever mesmo, ser persistente – é preciso ter músculo para resistir às emboscadas e aos embustes - não escrevinhar ou recrear-se através da escrita, o que os literatos muitas vezes fazem com os piores resultados para os que amam verdadeiramente a poesia e para o que a poesia realmente é.
E ter, de igual modo, a humildade de saber que dependemos dessa coisa um pouco secreta, um pouco velada, um pouco desconhecida, que é a organização das palavras de certa forma algo imprecisa.
A poesia nada tem que ver com a literatura, essa que os aproveitadores ou os simples falsários erguem (como se ergue um bloco de apartamentos...) e que depois habitam com todas as vantagens que em geral esse tipo de gente artilha.
A poesia pode ser e muitas vezes é uma maldição, ou uma incursão no mistério, ou uma aventura no mal, ou uma naturalidade doméstica... Mas nunca um sujeito de literatura, como infelizmente certa gente medíocre ou primária, mas altamente colocada sectorialmente, no país que melhor conheço (Portugal) pretende incutir nas gentes.
Creio que me faço entender...

3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que estas escolhas?

Há poetas de grande qualidade, que profundamente apreciamos, mas cujo mundo enquanto hacedores, contudo, está completamente distante das nossas próprias pesquisas, da nossa pessoal via poética. Dito isto, citaria o nome de Samuel Becket pela exemplar desconstrução do poema e da escrita a que se entregou e submeteu; o de Rilke, pela persistência em excursionar por mundos pouco prováveis de darem rendimento perante os donos da circunstancia temporal e devido à capacidade de se emocionar ante os ritmos do mundo; e o de Czeslaw Milosz, pela coragem que teve de ser poeta autónomo e autentico no recinto de feras em que teve de viver durante largo tempo.
Estes são nomes, note-se, entre vários outros que também poderia epigrafar. Mas são absolutamente representativos do que sinto e por isso os relevo.
Textos referenciais? O que vou dizer talvez não seja muito canónico, mas é sincero e por isso - contra ventos e marés, rs – aqui o deixo dito (se o não fizesse estaria a atraiçoar a minha juventude de forma repelente e cobarde): alguns textos que mais me fizeram sentir a maravilha, a variedade da escrita, foram – nos meus 14/15 anos os que encontrei nas Selecções do Reader's Digest (edição brasileira) dos tempos da Segunda Guerra Mundial e que estavam na biblioteca de meu padrinho. Eram extractos de obras da literatura universal, tanto ali se encontravam trechos de Vítor Hugo como de Garrett, de Victor Heiser como de Henry Morton Stanley, etc.
Isto em primeiro lugar. Seguidamente, pedaços da monumental obra de Alves Morgado “História da Criação dos Mundos”. Depois e finalmente, reflexões de “Ofício de viver” e alguns poemas singulares de “Trabalhar cansa” de Cesare Pavese, em paralelo com o extraordinário trecho sobre a génese da criação poética inserida a dada altura no rilkeano “Os cadernos de Malte Laurids Brigge”.

Atalaião, 2009


Nicolau Saião – Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico. Em 1992 a Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan” (1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair). No Brasil foi editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica (“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Escrituras Editora. E-mail: nicolau19@yahoo.com