quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O SERMÃO DO VIADUTO DE ÁLVARO ALVES DE FARIA



Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria

Livro de Aline Bernar será lançado neste sábado, 5/12,
a partir das 18h, na
DaConde Arte + Cultura
Rua Conde Bernadotte, 26 - loja 125 - Leblon - Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2274-0359 / 2511-5731

Saiba mais sobre o livro:
Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria

Os poemas de O Sermão do Viaduto foram lidos pelo poeta Álvaro Alves de Faria, no viaduto do Chá, no centro velho da cidade de São Paulo, com microfone e quatro alto-falantes, em plena ditadura militar. O poeta fez nove recitais no local, em meados dos anos 1960, sendo preso cinco vezes pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), acusado de subversão. A última prisão ocorreu na noite de 9 de agosto de 1966, quando os recitais de O sermão do viaduto foram proibidos definitivamente.

Foi através de uma de suas cadeiras curriculares no doutorado – Poética e Cidadania – que Aline Bernar teve contato com a obra do poeta paulista Álvaro Alves de Faria. O Sermão do viaduto foi amor à primeira vista e, mais tarde, tornou-se objeto de investigação que dialoga Poesia de Imigração, Ciências Sociais e Filosofia.

O estudo foi tema de seu doutoramento pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – (UERJ), junto à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em Portugal, sob orientação da professora doutora Graça Capinha, e resultou no livro O Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria (Escrituras Editora). Aline Bernar mostra o ato poético desempenhado por Álvaro como um ato público e político, voltado para questões político-sociais, visto então como um ato contestador, desde o cenário escolhido até o público, o povo oprimido e desprivilegiado, incluindo as prostitutas, os desempregados, os vendedores ambulantes, os desabrigados. Viaduto que aos olhos do poeta era um “local apaixonante”, para uma poesia que representava um manifesto, resistente e militante.

Nas palavras de Álvaro Alves de Faria: “Eram poemas escritos em linguagem bíblica, não religiosa (...) Era um discurso público. Um comício poético num tempo que começava a revelar as sombras da ditadura que se instalou no país e deixou a situação ainda mais grave com a edição do AI-5 (...) O Sermão do Viaduto constituiu, na época, o início do movimento de recitais públicos de poesia em São Paulo”.

Sobre a autora:
Aline Bernar nasceu em 6 de outubro de 1977, no Rio de Janeiro. Licenciada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cursou Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e, no momento, termina seu doutorado em Linguagem, Identidades e Mundialização pela Universidade de Coimbra (UC) – Portugal. Um trabalho mais aprofundado sobre a rica poemática de Álvaro Alves de Faria, acrescido de um conhecimento maior dos diversos cenários/contextos pertinentes à sua obra, já faz parte dos rumos acadêmicos que Aline Bernar traça agora para o futuro. Um futuro apoiado na “memória” de um poeta/pastor contemporâneo, seus poemas quase líricos, seus sermões num Viaduto e suas canções para Coimbra. É assim que um olhar brasileiro – de Coimbra para o Viaduto do Chá – encontra pelo caminho um poetar também brasileiro, que voa para suas origens lusófonas.

Sobre Álvaro Alves de Faria:
Nascido na cidade de São Paulo, é jornalista, poeta e escritor. Jardineiro aos 12 anos, operário de fábrica aos 14, contínuo do Correio Paulistano aos 16, iniciou sua carreira no Jornalismo aos 18 anos. Graduou-se em Sociologia e Política e Língua e Literatura Portuguesa, com Mestrado em Comunicação Social. Faz parte da Geração 60 de Poetas de São Paulo. Autor de mais de 50 livros, entre romances, ensaios, livros de entrevistas literárias, organização de antologias, crônicas e principalmente poesia. Participa de aproximadamente 70 antologias de poesia e contos no Brasil e no exterior. É também autor de três peças de teatro. Uma delas, “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo”, recebeu o Prêmio Anchieta para Teatro, nos anos 1970, na época um das láureas mais importantes do Teatro brasileiro. A peça foi proibida de ser encenada e ficou sob censura no regime militar por seis anos. Tem poemas traduzidos para o inglês, francês, japonês, servo-croata, italiano e espanhol. Como jornalista da área cultural, recebeu por duas vezes o Prêmio Jabuti de Imprensa (1976/1983) e por três vezes, também, o Prêmio Especial da APCA (1981/1988/1989), pelo trabalho realizado em favor do livro, em jornais, revistas, rádio e televisão. Seu livro Trajetória Poética, reunião de toda sua poesia até 2003, recebeu o Prêmio da APCA como o melhor livro de poesia desse ano. Outro livro, Babel, com poemas sobre sua postura em relação à poesia, recebeu o prêmio de melhor livro de poesia do ano da Academia Paulista de Letras em 2008. É detentor de praticamente todos os grandes prêmios literários do Brasil. Seus últimos livros de poesia têm sido publicados em Portugal, como 20 poemas quase líricos e algumas canções para Coimbra (1999), Poemas portugueses (2002), Sete anos de pastor (2005), A memória do pai (2006), Inês (2007) e Livro de Sophia (2008). Foi homenageado na Espanha com a publicação “Habitación de olvidos”, antologia poética, com poemas traduzidos pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Perez Alencart, professor de Direito na Universidade de Salamanca.

Sobre Nelly Novaes Coelho:
Ensaísta e crítica literária, é Doutora em Letras, Livre-Docente e Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa.

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