quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lançamento do livro FELIZ ANO NOVO!



Escrituras Editora, Instituto Sidarta e Livraria Cultura
convidam para o lançamento do livro
Feliz Ano Novo!
Xín Nián kuàilè
Um passeio pela cultura chinesa


de

Inty Mendoza
Mônica Krausz
ilustrações de Girotto & Santana

Quarta-feira, 16 de dezembro de 2009, a partir das 19h
Livraria Cultura - Shopping Villa-Lobos
Av. Nações Unidas, 4777 - São Paulo/SP
Tel.: (11) 3024-3599

Saiba mais sobre o livro:
Feliz Ano Novo!
Um passeio pela cultura chinesa


João é um menino brasileiro que viaja com os pais para Pequim (Beijing, como se fala por lá) e assim, no dia a dia, vai aprendendo as primeiras palavras de mandarim, a língua oficial da China. Começa com algumas saudações, o nome dos parentes, as estações do ano, os meses, os números. Descobre que o sobrenome das pessoas vem sempre na frente do nome, que o ano novo na China é comemorado por volta do mês de fevereiro e as pessoas celebram usando roupa vermelha.

O menino participa de sua primeira comemoração do ano novo chinês, no começo da primavera e do calendário lunar. Por isso, eles chamam o ano novo de Festival da Primavera. João descobre, então, inúmeras curiosidades sobre esta celebração...

As crianças recebem dos mais velhos um envelope vermelho, com um dinheirinho dentro. No jantar de ano novo, os mais velhos se servem primeiro e o cardápio não é tão estranho assim: rolinho primavera e um tipo de pastelzinho cozido, parecido com o “guioza” japonês e, de sobremesa, um bolo feito de massa de arroz. Lá fora, uma grande festa: a “Dança do Leão”, as casas iluminadas e enfeitadas de vermelho, as pessoas também vestidas de vermelho, estourando bombinhas e fogos de artifício e o “boneco-leão” circulando pelas ruas. João descobre que essa festa toda nasceu de uma lenda sobre o monstro Nián, que vivia no fundo do mar, mas sempre subia à terra firme na véspera do ano novo para comer bichos e pessoas. Mas descobriram que o monstro Nián morria de medo de fogo, de bombinhas e da cor vermelha. No primeiro dia do ano, as pessoas fazem visitas umas às outras, principalmente os familiares, em sinal de alegria.

O livro Feliz Ano Novo!, do professor Inty Mendoza e da jornalista Mônica Krausz (Escrituras Editora), conta com as ilustrações de Ricardo Girotto e Dave Santana. A obra é recomendada para o público infantil e iniciantes na aprendizagem do mandarim.

Sobre os autores:
Inty Mendoza é professor e coordenador de mandarim do Colégio Sidarta, apaixonado por filosofia chinesa. Foi por isso que decidiu aprender o idioma aos 14 anos quando passou a frequentar um templo taoísta. Essa vivência já inspirou alguns livros como os da coleção As Sete Riquezas do Homem Santo, pela editora Axis Mundi, e artigos escritos em revistas especializadas. Adora falar da China, de sua história, suas comidas, seus costumes, língua e tudo o mais.

Mônica Krausz é Jornalista Amiga da Criança titulada pela Agência de Notícias da Infância (Andi). Escreve para crianças desde 1990 quando iniciou sua carreira de jornalista no Estadinho, suplemento infantil do jornal O Estado de São Paulo. Desde então, já editou e dirigiu revistas infantis como Zá, Gênios e Jardim, e lançou alguns livros como Bruno e o Cheiro de Folia, em parceria com o Sesc-SP e Fazendo Revista na Escola, pela editora Formato. Mônica é uma admiradora da cultura oriental.

Sobre os ilustradores:
Ricardo Girotto tem desenhado para publicações variadas como jornais, livros e revistas, procurando manter sempre um traço simples, firme e divertido. Contratado por diversas editoras desde 1989, soma quase duas centenas de livros ilustrados. Ilustrou a Revista Zá de 1996 a 2001. Recebeu, em 1997, o Prêmio HQMix de Ilustração Infantil pelo trabalho, produzido em parceria com Fernandes, para a Coleção Castelo Rá-Tim-Bum, pela Cia das Letrinhas. É criador e coordenador do site www.fabricadebrinquedos.com.br.

Dave Santana é chargista, caricaturista e ilustrador de livros. Vem trabalhando para diversas publicações no Brasil e no exterior. Seu trabalho já lhe rendeu vários prêmios em salões de humor do país. Também é autor e ilustrador do livro O Pequeno Crocodilo, pela Editora Global.

Saiba mais clicando aqui:
http://www.escrituras.com.br/livro.php?isbn=9788575313497

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

TEM PLANTA QUE VIROU BICHO


Tem planta que virou bicho!

Lançamento em São Paulo:
Sábado, 12 de dezembro de 2009, das 17h às 20h
Livraria Cultura - Market Place Shopping Center
Av. Dr. Chucri Zaidan, 902 - Brooklin - São Paulo/SP
Tel.: (11) 3474-4033

Lançamento em Campinas:
Quarta-feira, 16 de dezembro de 2009, a partir das 19h
Livraria Cultura - Shopping Center Iguatemi Campinas
Av. Iguatemi, 777 - Lojas 4 e 5 - Piso 1 - Vila Brandina - Campinas/SP
Tel.: (19) 3751-4033

Lançamento em João Pessoa:
Quinta-feira, 14 de janeiro de 2010, a partir das 19h
Prefácio Livros - MAG Shopping
Av. Gov. Flávio Ribeiro Coutinho, 115 - loja 110-111 - Manaíra - João Pessoa/PB
Tel.: (83) 3048-1080


Tem planta que virou bicho!

Pimentão vira beija-flor, repolho se transforma em leitão roxo e uma pacífica carambola ressurge como uma assustadora serpente. O livro Tem planta que virou bicho! é a fusão do trabalho da publicitária Alda de Miranda, com o olhar atento do fotógrafo Cacio Murilo, que deu vida a vegetais, frutas e legumes, esculpindo-os em divertidos animais.

O livro, recheado de poesia, fala sobre os alimentos e os animais de um jeito divertido e totalmente diferente. Entre rimas e imagens criativas, esta história conta sobre o dia em que os habitantes de um lugar distante resolveram brincar de faz de conta e os animais e as plantas decidiram trocar de lugar. Surgem, então, seres estranhos como o inhame-tubarão, o melão-canário, o chuchu-sapo, a maçã-coruja, a banana-boto, a uva-formiga, um curioso alho-pato. Depois de uma tarde inteira de brincadeiras, tudo volta ao normal...

Tem planta que virou bicho! apresenta 13 transformações de vegetais em bichos, incentiva hábitos saudáveis de vida e fala das coisas da natureza enquanto passeia pelo universo lúdico, onde o que vale de verdade é a vontade de acreditar. Nos rodapés, informações nutricionais sobre os alimentos e formas divertidas de consumi-los.

Embora dirigido aos pequenos leitores, Tem planta que virou bicho! também encanta adultos pela leveza e ritmo de seus textos e pela criatividade das imagens, convidando os leitores a um alegre passeio pelo mundo da imaginação, onde a magia do faz de conta é a energia transformadora que dá mais vida às coisas.

Sobre a autora:
Alda de Miranda é publicitária e entusiasta de causas ambientais. Graduada em Comunicação Social pela PUC-Campinas, com extensão em Administração pela FGV-SP. Neta de fazendeiros, o contato com a natureza sempre fez parte de sua vida. Sua paixão por livros começou na infância, quando nada lhe parecia ser mais divertido do que passar tardes inteiras na biblioteca da casa da avó, em Mato Grosso do Sul. Em seu trabalho como especialista em marketing, foi uma das pioneiras no Brasil no desenvolvimento de ações para o lançamento de alimentos orgânicos processados. Atualmente, Alda mora em Campinas, onde dirige sua própria agência de publicidade e eventos, a Noua-Criativa.
Blog: http://templantaqueviroubicho.blogspot.com

Sobre o fotógrafo:
Filho de fotógrafos e biólogo graduado pela Universidade Federal da Paraíba, Cacio Murilo uniu a arte da fotografia com o talento para esculturas, dedicando-se a criar novas figuras e cenários de vida marinha e silvestre utilizando vegetais. Em 1995, foi para Nova York, onde estudou no ICP – International Center of Photography, onde estagiou nos estúdios de Alan Kaplan, fotógrafo publicitário nova-iorquino. Em 1997, montou seu estúdio em João Pessoa, Paraíba, que conta com mais de 15 mil fotografias, e passou a atender as principais agências de publicidade da região Nordeste. Seu talento, aliado a um profundo conhecimento técnico, fizeram dele um respeitado profissional, que atua nas áreas da fotografia artística, publicitária, arquitetura, moda, gastronomia, industrial, entre outras. Site: www.caciomurilo.com.br.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O SERMÃO DO VIADUTO DE ÁLVARO ALVES DE FARIA



Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria

Livro de Aline Bernar será lançado neste sábado, 5/12,
a partir das 18h, na
DaConde Arte + Cultura
Rua Conde Bernadotte, 26 - loja 125 - Leblon - Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2274-0359 / 2511-5731

Saiba mais sobre o livro:
Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria

Os poemas de O Sermão do Viaduto foram lidos pelo poeta Álvaro Alves de Faria, no viaduto do Chá, no centro velho da cidade de São Paulo, com microfone e quatro alto-falantes, em plena ditadura militar. O poeta fez nove recitais no local, em meados dos anos 1960, sendo preso cinco vezes pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), acusado de subversão. A última prisão ocorreu na noite de 9 de agosto de 1966, quando os recitais de O sermão do viaduto foram proibidos definitivamente.

Foi através de uma de suas cadeiras curriculares no doutorado – Poética e Cidadania – que Aline Bernar teve contato com a obra do poeta paulista Álvaro Alves de Faria. O Sermão do viaduto foi amor à primeira vista e, mais tarde, tornou-se objeto de investigação que dialoga Poesia de Imigração, Ciências Sociais e Filosofia.

O estudo foi tema de seu doutoramento pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – (UERJ), junto à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em Portugal, sob orientação da professora doutora Graça Capinha, e resultou no livro O Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria (Escrituras Editora). Aline Bernar mostra o ato poético desempenhado por Álvaro como um ato público e político, voltado para questões político-sociais, visto então como um ato contestador, desde o cenário escolhido até o público, o povo oprimido e desprivilegiado, incluindo as prostitutas, os desempregados, os vendedores ambulantes, os desabrigados. Viaduto que aos olhos do poeta era um “local apaixonante”, para uma poesia que representava um manifesto, resistente e militante.

Nas palavras de Álvaro Alves de Faria: “Eram poemas escritos em linguagem bíblica, não religiosa (...) Era um discurso público. Um comício poético num tempo que começava a revelar as sombras da ditadura que se instalou no país e deixou a situação ainda mais grave com a edição do AI-5 (...) O Sermão do Viaduto constituiu, na época, o início do movimento de recitais públicos de poesia em São Paulo”.

Sobre a autora:
Aline Bernar nasceu em 6 de outubro de 1977, no Rio de Janeiro. Licenciada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cursou Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e, no momento, termina seu doutorado em Linguagem, Identidades e Mundialização pela Universidade de Coimbra (UC) – Portugal. Um trabalho mais aprofundado sobre a rica poemática de Álvaro Alves de Faria, acrescido de um conhecimento maior dos diversos cenários/contextos pertinentes à sua obra, já faz parte dos rumos acadêmicos que Aline Bernar traça agora para o futuro. Um futuro apoiado na “memória” de um poeta/pastor contemporâneo, seus poemas quase líricos, seus sermões num Viaduto e suas canções para Coimbra. É assim que um olhar brasileiro – de Coimbra para o Viaduto do Chá – encontra pelo caminho um poetar também brasileiro, que voa para suas origens lusófonas.

Sobre Álvaro Alves de Faria:
Nascido na cidade de São Paulo, é jornalista, poeta e escritor. Jardineiro aos 12 anos, operário de fábrica aos 14, contínuo do Correio Paulistano aos 16, iniciou sua carreira no Jornalismo aos 18 anos. Graduou-se em Sociologia e Política e Língua e Literatura Portuguesa, com Mestrado em Comunicação Social. Faz parte da Geração 60 de Poetas de São Paulo. Autor de mais de 50 livros, entre romances, ensaios, livros de entrevistas literárias, organização de antologias, crônicas e principalmente poesia. Participa de aproximadamente 70 antologias de poesia e contos no Brasil e no exterior. É também autor de três peças de teatro. Uma delas, “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo”, recebeu o Prêmio Anchieta para Teatro, nos anos 1970, na época um das láureas mais importantes do Teatro brasileiro. A peça foi proibida de ser encenada e ficou sob censura no regime militar por seis anos. Tem poemas traduzidos para o inglês, francês, japonês, servo-croata, italiano e espanhol. Como jornalista da área cultural, recebeu por duas vezes o Prêmio Jabuti de Imprensa (1976/1983) e por três vezes, também, o Prêmio Especial da APCA (1981/1988/1989), pelo trabalho realizado em favor do livro, em jornais, revistas, rádio e televisão. Seu livro Trajetória Poética, reunião de toda sua poesia até 2003, recebeu o Prêmio da APCA como o melhor livro de poesia desse ano. Outro livro, Babel, com poemas sobre sua postura em relação à poesia, recebeu o prêmio de melhor livro de poesia do ano da Academia Paulista de Letras em 2008. É detentor de praticamente todos os grandes prêmios literários do Brasil. Seus últimos livros de poesia têm sido publicados em Portugal, como 20 poemas quase líricos e algumas canções para Coimbra (1999), Poemas portugueses (2002), Sete anos de pastor (2005), A memória do pai (2006), Inês (2007) e Livro de Sophia (2008). Foi homenageado na Espanha com a publicação “Habitación de olvidos”, antologia poética, com poemas traduzidos pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Perez Alencart, professor de Direito na Universidade de Salamanca.

Sobre Nelly Novaes Coelho:
Ensaísta e crítica literária, é Doutora em Letras, Livre-Docente e Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quinta Poética [26 de novembro]



Escrituras Editora e Casa das Rosas convidam para a

QUINTA POÉTICA, com os poetas convidados
Celso de Alencar (anfitrião), Mary Castilho, Osvaldo Rodrigues,
Pedro Du Bois e o jovem poeta Norival Leme.
Participação especial do bailarino Ronaldo Silva.

Quinta-feira, 26 de novembro de 2009
a partir das 19h

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Informações: (11) 5904-4499

Sobre o evento e os convidados:

Quinta poética

Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:
Celso de Alencar (anfitrião) é poeta e declamador paraense, radicado em São Paulo desde 1972. O poeta e crítico Cláudio Willer, afirma que se trata do mais enfático poeta contemporâneo. O compositor e poeta Jorge Mautner o considera um poeta da 4ª dimensão, escandalizador e libertador de almas. É reconhecido entre os grandes talentos da geração de 1970, se apresentou na Inglaterra, França e Portugal. Tem vários livros publicados, entre eles: Tentações (1979), Os Reis de Abaeté (1985), O Pastor (1994, infanto-juvenil), O Primeiro Inferno e Outros Poemas (1994 e 2001), A Outra Metade do Coração (CD- antologia poética) e Testamentos (2003). Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior, além de publicações em revistas e periódicos. Palestrante e integrante de diversos júris de concursos de poesia. Ex-diretor da União Brasileira dos Escritores - UBE (gestão 1990/92 e 1992/94).

Mary Castilho é poeta, paulista, nasceu na cidade de Elisiário, mas em Catanduva é que foi criada e onde realizou seus estudos. Reside em São Paulo desde 1981. É Professora e Pós-graduanda de Literatura e Língua Portuguesa, além de revisora em diversos segmentos. Em 2005 publicou o livro Cântico dos Destorcidos, com apresentação dos poetas Álvaro Alves de Faria e Mariana Ianelli. Em 2003, teve poema publicado no livro Representações do Feminino, organizado pela professora Maria Inês Ghillard, edição PucCampinas/ Editora Átomo. Tem participado com regularidade de leituras e saraus, entre os quais, o do Centro de Encontro das Artes, organizado pelos poetas Renata Pallottini e Celso de Alencar e o da Galeria Olido, organizado pela Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo.

Osvaldo Rodrigues nasceu em Apucarana (Paraná) e vive em São Paulo desde 1960. Graduou-se em Tecnologia Mecânica pela FATEC-SP. Aos 20 anos teve seus primeiros poemas publicados na “1ª Coletânea de Poesias Inéditas” Ed. Grafik. Livros publicados: “Vôo Singular” (poesia, Ed. Autor-1979), “Mascando Esperanças com Dentes de Vidro” (poesia, Ed. Autor-1983) e “Fôlego”, poesia, Ed. Autor-1985. Livros a publicar: “Porque não dois em um”, romance de ficção.

Pedro Du Bois (Passo Fundo, RS, 1947) é poeta e contista, residente em Itapema, SC. Diversos livros publicados como editor-autor, artesanalmente, com tiragens mínimas distribuídas entre amigos e amantes da literatura. Vencedor do 4º Prêmio Literário Livraria Asabeça, 2004, com o livro "Os Objetos e as Coisas". Teve publicado, neste ano, pela Corpos Editora, Portugal, o livro "A Criação Estética". Divulgação em diversos blogs e sites literários, entre eles, Germina, Triplo V (e G), Modus Vivendi, Utopoesia, Blocos Online, Projeto Valise, Vale em Versos, Vidráguas. Blog pessoal: http://pedrodubois.blogspot.com.

Norival Leme Junior (jovem poeta) é formado em Letras pela Universidade de São Paulo e professor da rede particular de ensino. Mantém o blog quiriri.blogspot.com e o www.twitter.com/juniornl. Distribui seus escritos por meio de uma lista de email com a série ::poemas da manhã:: e ::dedo de prosa::

Ronaldo Silva é bailarino e intérprete-criador, formado pela Universidade Anhembi Morumbi – Curso Dança e Movimento. Iniciou estudos em dança na década de 1970 com formação eclética, balé clássico, dança moderna, jazz, sapateado e folclore. Trabalhou com professores e coreógrafos renomados como Ismael Ivo, Marcos Verzani, Luis Ferron, Jorge Pena, Augusto Pompeu, Alonso Barros, Heloaldo Castelo e Silva, Isabelle Dufau, Derek Willians, Jean Marc Collet, Mariana Muniz, entre outros. Desde 1995, é membro da Dance and the Child international e representante regional da daCi na cidade de São Paulo (2000–2003). Formado em Psicoballet pelo Instituto de Psiquiatria e Psicoterapia da Infância e Adolescência. Atualmente atua como intérprete-criador na Cia. de Teatro e Dança Mariana Muniz (“Parangolés” – 2008 e “Nucleares” - 2009)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quinta Poética [29 de outubro]




Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

Raimundo Gadelha (anfitrião) é poeta e fotógrafo, formado em Publicidade e em Jornalismo pela Universidade Federal do Pará, com especialização na Universidade de Sophia, em Tóquio, Japão, onde residiu por três anos, depois de ter estudado em Nova York. Sua obra percorre o romance, o conto e a poesia, tendo 15 livros publicados, entre eles Vida útil do tempo (poesia, 2004) e Em algum lugar do horizonte (romance, 2000), publicado na Grécia e no México. Atuou durante três anos como editor da Aliança Cultural Brasil-Japão e, em 1994, fundou a Escrituras Editora, que coordena até hoje.

João de Jesus Paes Loureiro é poeta, prosador e ensaísta. Nasceu em Abaetetuba, Pará, às margens do rio Tocantins. É professor de Estética, História da Arte e pesquisador da Cultura Amazônica. É mestre em Teoria Literária e Semiologia pela PUC de Campinas e doutor em Sociologia da Cultura na Sorbonne, em Paris, com a tese Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Sua obra Altar em Chamas (Civilização Brasileira) recebeu o prêmio nacional de poesia da APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte em 1984 e Romance das Três Flautas, edição bilíngue português/alemão (Roswitha Kempf Editora) foi finalista do Prêmio Jabuti em 1987. Suas obras mais recentes são: Pássaro da terra (teatro, 1999), Obras reunidas (4 volumes, 2000), Do coração e suas amarras (2001), Fragmento/Movimento (2003), todos publicados pela Escrituras Editora, e Au-delà du méandre de ce fleuve, Acte-Sud, França (2002). Site: www.paesloureiro.com

Rubens Jardim é jornalista e poeta. Publicou poemas nas antologias: 4 Novos Poetas na Poesia Nova (1965, SP), Antologia da Catequese Poética (1968, SP), Poesia del Brasile D'oggi (1969, Itália), Vício da Palavra (1977, SP), Fui Eu (1998, SP), Poesia para Todos (2000, RJ), Antologia Poética da Geração 60 (2000, SP), Letras de Babel (2001, Uruguai), Paixão por São Paulo (2004, SP), Rayo de Esperanza (2004, Espanha), Congresso Brasileiro de Poesia (2008, RS). É autor de dois livros de poemas: Ultimatum e Espelho Riscado. Promoveu e organizou o ANO JORGE DE LIMA em 1973, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta), evento que contou com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e outras figuras importantes da Literatura Brasileira. Organizou e publicou Jorge, 80 Anos, uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano. Integrou o movimento Catequese Poética, iniciado por Lindolf Bell, em 1964, cujo lema era: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.

Ricardo Kelmer é escritor, roteirista, compositor e produtor cultural. Nasceu em Fortaleza, 1964, e mora em São Paulo. Escreve para jornais e revistas e tem vários livros publicados. É coordenador do projeto Letra de Bar. Faz palestras sobre mitos e psicologia no cinema e sobre livros, mercado e internet. Em seu blog expõe seus trabalhos, vende seus livros e dá consultoria a novos autores sobre publicação de livros e mercado editorial. Está em cartaz mensalmente no Espaço Cultural Alberico Rodrigues com o espetáculo Viniciarte. Site: blogdokelmer.wordpress.com

Moacir Bedê nasceu em Fortaleza-CE, em 1969. Músico autodidata, instrumentista e compositor. Toca bandolim, violão, guitarra, guitarra baiana, cavaquinho, flauta transversal e flautim. Seu pai e seu irmão mais velho, que também toca sanfona, eram donos de uma escola de samba e a partir daí teve contato com a música desde a infância, principalmente com o samba e os ritmos nordestinos. Lançou em 2009 seu disco “Outros Sambas”, onde mostra toda sua personalidade e vivência musical. Mora atualmente em São Paulo e se apresenta em bares e espaços culturais. Está em cartaz mensalmente no Espaço Cultural Alberico Rodrigues, com seu show “Outros Sambas” e com o espetáculo Viniciarte. Site: myspace.com/moacirbede

Günther Krähenbühl (jovem poeta) cursa o sexto ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Poeta ganhador de diversos prêmios pelo País, participou de antologias. Seu mais recente livro, “O Fantástico Realismo das Três Filhas de Jairo”, está em processo de edição pela Editora Person, com previsão de lançamento para o início de 2010.


QUINTA POÉTICA, 29 de outubro de 2009
a partir das 19h


Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499

Agradecimentos especiais ao poeta Celso de Alencar.

Próxima QUINTA POÉTICA: 26 de novembro de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS (anfitrião: Celso de Alencar).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SEIS RAZÕES PARA PRESERVAR A AMAZÔNIA


Escrituras Editora, Biblioteca Raul Bopp, Secretaria Municipal de Cultura, Parque da Aclimação, Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Rotary Clube Cambuci e Aclimação e apoiadores

convidam para o evento de encerramento da

SEMANA DO MEIO AMBIENTE NO MÊS DAS CRIANÇAS

com o lançamento do livro
Seis razões para preservar a Amazônia
de Nílson José Machado, Silmara Rascalha Casadei, Michele Rascalha
ilustrações de Vera Andrade

Sábado, 24 de outubro de 2009
* 14h - Bate-papo sobre a Amazônia
* 14h30 - Apresentação do músico Henrique Krispim e o coral do Colégio Unidade Jardim (Santo André)
* 15h30 - Distribuição de 500 mudas, centenas de sementes e kits dos apoiadores
* 16h - Sorteio de uma coleção Seis razões e sessão de autógrafos com os autores na Biblioteca Raul Bopp

Local: Coreto do Parque da Aclimação (próx. prédio da Administração e Biblioteca Raul Bopp)
Endereço: Rua Muniz de Sousa, 1155 – Aclimação - São Paulo/SP
Telefones: (11) 5904-4499 (Escrituras Editora) / 3208-1895 (Biblioteca)
Veja como chegar:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z/raulbopp/index.php?p=205

Para colaborar, traga 1 Kg de alimento não perecível e/ou um brinquedo novo para ser doado a entidades da região.

Organização: Escrituras Editora
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura, Biblioteca Temática em Meio Ambiente Raul Bopp, Parque da Aclimação, Rotary Clube Cambuci e Aclimação, Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Participação e Parceria, Incubadora de Projetos Sociais, Núcleo Socioambiental Cambuci, Escola de Jardinagem da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Jornal do Cambuci & Aclimação, Revista & Guia, Revista Horizonte Geográfico, Revista Brasileiros, Conapub – Jornal de Ecologia, Turismo e Sustentabilidade, Cieja – Alfabetização de Jovens e Adultos, Colégio Marista Nossa Sra. da Glória, Colégio Santo Agostinho, Escola Nossa Vila, Escola Arvoredo, Neoband, Restaura Jeans, o músico Henrique Krispim e o Colégio Unidade Jardim.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quinta Poética [27 de agosto]



Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

Rubens Jardim, 62 anos, é jornalista e poeta. Publicou poemas nas antologias: 4 Novos Poetas na Poesia Nova (1965, SP), Antologia da Catequese Poética (1968, SP), Poesia del Brasile D'oggi (1969, Itália), Vício da Palavra (1977, SP), Fui Eu (1998, SP), Poesia para Todos (2000, RJ), Antologia Poética da Geração 60 (2000, SP), Letras de Babel (2001, Uruguai), Paixão por São Paulo (2004, SP), Rayo de Esperanza (2004, Espanha), Congresso Brasileiro de Poesia (2008, RS). É autor de dois livros de poemas: Ultimatum e Espelho Riscado. Promoveu e organizou o ANO JORGE DE LIMA em 1973, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta), evento que contou com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e outras figuras importantes da Literatura Brasileira. Organizou e publicou Jorge, 80 Anos, uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano. Integrou o movimento Catequese Poética, iniciado por Lindolf Bell, em 1964, cujo lema era: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.

Raquel Naveira é escritora de Mato Grosso do Sul, residindo agora em São Paulo. Professora universitária com Mestrado em Comunicação e Letras pela Mackenzie. Autora de vários livros de ensaios e de poemas, entre eles "Casa e Castelo", "Portão de Ferro" e "Literatura e Drogas - e outros ensaios.

Zuleika dos Reis, paulistana, formada em Letras Vernáculas pela Universidade de São Paulo, publicou “Poemas de Azul e Pedra”, em 1984; “Espelhos em Fuga” (poesia), pela Editora Objetiva, em 1989; “Flores do Outono” (livro de tankas) pela Editora Arte Paubrasil, em 2008. Sua produção literária pode ser encontrada em antologias e em diversos sites da Internet.

Deborah Goldemberg, nascida em São Paulo, em 1975, é antropóloga e escritora. Atuou na área de desenvolvimento local sustentável no Norte e Nordeste do Brasil durante uma década. Estreou com o livro “Ressurgência Icamiaba” (Selo Demônio Negro, Ed. Annablume, 2009), após publicar diversas crônicas e poemas em coletâneas. Seu segundo livro “O Fervo da Terra” (Ed. Carlini & Caniato) será lançado em setembro de 2009. Agitadora da literatura transbrasileira e multiétnica, foi curadora do I Sarau das Poéticas Indígenas da Casa das Rosas (2009), é colunista do Global Voices e da revista eletrônica de Oca das Letras. Blog pessoal: http://ressurgenciaicamiaba.blogspot.com/

Neuza Pinheiro é paranaense, cantora, compositora e poeta. Prêmio nacional de melhor intérprete cantando Arrigo Barnabé. Trabalhou com Itamar Assumpção. Vencedora do Prêmio Nacional de literatura Lúcio Lins (dez/2007-FUNJOPE-PB) com o livro de poemas “Pele & osso”, semifinalista do Prêmio Portugal Telecom 2009. Gravou o CD independente Olodango (www.myspace.com/neuzapinheiro). Com o trabalho “Profissão de febre”, vem musicando poemas de Paulo Leminski e outros poetas brasileiros como Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Rodrigo G Lopes e outros. Mantém o blog www.spiritualsdoorvalho.blogspot.com. Socióloga, funcionária pública. Vive em Santo André.


Quinta-feira, 27 de agosto de 2009
a partir das 19h

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499

Próxima QUINTA POÉTICA: 24 de setembro de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Entrevista com Floriano Martins



Escrituras Blog: Seu interesse e intercâmbios com a literatura e a poesia hispano-americana são uma marca forte em seu trabalho, tanto de tradutor, ensaísta e poeta, quanto de agitador cultural e organizador de projetos, eventos – virtuais ou não. Essa atitude e abertura intelectual não parece ser uma característica da maioria dos criadores brasileiros. De onde vem essa sua pegada?

Floriano Martins: Eu diria que não é característica da cultura brasileira em geral. Isto significa dizer que também não se restringe ao ambiente literário. O que teve início em uma curiosidade minha, a de estranhar minha ignorância em relação a autores que encontrei citados em um livro, acabou se convertendo em um princípio histórico, em momento algum desprovido de intensa paixão, de trazer à superfície do cenário cultural no Brasil não somente o que houver de mais relevante nos 19 países que conformam a América Hispânica, quanto igualmente chamar a atenção para o que perdemos pela ausência de um diálogo que, ao reforçar a cultura de seus protagonistas, enriqueceria também a atuação política e social de todos esses países.

EB: A coleção Ensaios Transversais, da Escrituras, já abrigava um título seu. Lá você tratou do Surrealismo na poesia da América Latina. Fale-nos um pouco sobre sua paixão pelo Surrealismo e a importância que você detectou nele para a poesia, em especial a brasileira, visto que há muitos poetas e críticos que o veem como um movimento datado e já sem força alguma.

FM: Agora mesmo eu tenho em finalização um outro livro dedicado ao Surrealismo em todo o continente americano, em toda a América, livro que se soma a este que mencionas, O começo da busca (2001) e à antologia Un nuevo continente (publicada originalmente em 2004, na Costa Rica, e posteriormente bem ampliada para sua inclusão no catálogo da Monte Ávila, na Venezuela). Para uma cultura literária que tem no Parnasianismo sua corrente eterna, somando a isto outros aspectos como uma forte presença do catolicismo e uma tendência dessa cultura de evitar comprometer-se com qualquer circunstância, é natural que o Surrealismo tenha sofrido avantajada rejeição. Movimentos culturais, em qualquer lugar, pela própria dinâmica de suas ações, possuem altas e baixas, podem ou não ser recuperados em momentos posteriores ao de seu marco fundacional, e isto dependerá sempre da força de diálogo mantido entre a matriz e sua eventual afluência. O Brasil aceita com deplorável conivência, de forma eu diria quase que submissa, os estratos decrépitos das vanguardas mais acentuadamente formalistas, e ao mesmo tempo é um crítico impagável daquelas outras que tocam mais agudamente as relações entre vida e obra. Basta olhar em volta o reflexo de tal caráter.

EB: Seu mais recente lançamento na casa é o livro de ensaios A inocência de pensar. O título é curioso. É necessária certa inocência para se pensar o novo? Conte-nos como você concebeu o livro. Os ensaios surgiram já com a idéia de possivelmente formarem um álbum crítico unificado?



FM: O título é uma bela luz que me foi dada pela leitura da correspondência entre Guimarães Rosa e Curt Meyer-Clason. A inocência referida relaciona-se com a alma limpa de vícios e lugares-comuns. Os temas abordados no livro o são sem conflito canônico, sem interferência dogmática. Uma leitura despojada de artifícios acadêmicos e que naturalmente se relaciona com essa condição renascentista tão bem lembrada por Jacob Klintowitz no prefácio. Os ensaios surgiram em momentos distintos, como componentes de uma visão de mundo que segue se renovando. Que encontrem afinidade estilística é precioso e espontâneo. O livro nasceu, em seu conjunto, em seu desenho estrutural, no momento em que me deparei com a imagem da inocência cunhada por Guimarães Rosa.

EB: Não podemos deixar de mencionar a importantíssima coleção Ponte Velha, criada pelo grande poeta Carlos Nejar e que, agora, você coordena e organiza. Fazia falta uma coleção como essa aqui no Brasil. Por que dialogamos tão pouco com a literatura portuguesa? Sabemos que a recíproca também é verdadeira. Ou não?

FM: A Ponte Velha surge em 2003, com a publicação de livros da Ana Marques Gastão e do António Osório. Nestes dois primeiros títulos ainda nem aparece o nome da coleção. No ano seguinte eu viajo para Portugal, ali conheço a Ana Marques Gastão (de quem inclusive traduzo um livro para o espanhol, um projeto luxuoso que inclui reprodução em cores de 25 obras da artista Paulo Rego) e também a Rosa Alice Branco. É a Rosa Alice quem facilita os contatos com Nuno Júdice e Pedro Tamem, que são os dois autores seguintes da coleção, ao lado dela própria (livro este que traz prefácio meu), quando então já aparece pela primeira vez o nome Ponte Velha. Já neste mesmo ano eu assumo, na prática, a coordenação da coleção, embora ainda apareçam os nomes de António Osório e Carlos Nejar como coordenadores (somente em 2007 é que ambos são devidamente situados pela editora como criadores da coleção e não coordenadores). Durante todo este processo de ambientação da coleção eu diria que Carlos Nejar mais atrapalhou do que ajudou, o que não quer dizer que a editora não seja a ele agradecida por haver feito, juntamente com António Osório, o contato inicial com o Ministério da Cultura em Portugal. Este esclarecimento todo eu acho bastante oportuno e agradeço que tenhas tocado no tema. Quanto ao diálogo entre literaturas de língua portuguesa, especialmente Brasil e Portugal, é sempre um exemplo para aqueles que afirmam que a ausência de intercâmbio cultural entre Brasil e América Hispânica justifica-se pela barreira linguística. Os motivos podem ser da ordem da empáfia, do descaso, da ignorância, porém não creio que mereçam mais que se reflita a respeito. Cabe tratar de mudar esses hábitos tão perniciosos à cultura, numa margem e outra do Atlântico. Editores portugueses se mostraram mais interessados em literatura brasileira nos últimos tempos. Além da coleção Ponte Velha, há outras editoras no Brasil que vêm publicando autores portugueses, embora nosso caso seja único em termos de consistência editorial. O canal, portanto, está aberto, sendo fundamental agora avançar no sentido de ampliar o raio de ação, o que pode ser feito através de ciclos de debates, palestras, leituras, buscando adesão do meio acadêmico, incluindo a presença viva dos autores, a exemplo do que foi possível realizar na 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, em novembro de 2008.


[Entrevista concedida por e-mail a Edson Cruz]


Floriano Martins (Fortaleza, 1957) é poeta, editor, ensaísta e tradutor. Em janeiro de 2001, criou o projeto Banda Hispânica, banco de dados permanente sobre poesia de língua espanhola, de circulação virtual, integrado ao Jornal de Poesia. Organizou algumas mostras especiais dedicadas à literatura brasileira para revistas em países hispano-americanos: Blanco Móvil (México, 1998), Alforja (México, 2001) e Poesía (Venezuela, 2006). Também organizou a mostra Poesia peruana no século XX (Poesia Sempre, Brasil, 2008), ao mesmo tempo em que foi corresponsável pelas edições especiais Poetas y narradores portugueses (Blanco Móvil, México, 2003), Surrealismo (Atalaia Intermundos, Lisboa, 2003) e Poetas y prosadores venezolanos (Blanco Móvil, México, 2006). Dentre seus livros de poesia mais recentes, encontram-se Tres estudios para un amor loco (trad. Marta Spagnuolo. Alforja Arte y Literatura A.C. México, 2006), Duas mentiras (Projeto Dulcinéia Catadora. São Paulo, 2008), Teatro Imposible (trad. Marta Spagnuolo. Fundación Editorial El Perro y la Rana. Venezuela, 2008) e A alma desfeita em corpo (Apenas Edições. Lisboa, 2009). Juntamente com Lucila Nogueira, organizou e traduziu o volume Mundo mágico: Colômbia (Poesia colombiana no século XX) (Edições Bagaço. Pernambuco, 2007), também sendo autor de Un nuevo continente (Antología del surrealismo en la poesía de nuestra América) (Monte Ávila Editores. Venezuela, 2008). Atuou ainda como curador da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008), função que voltará a desempenhar em 2010, e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009). Juntamente com Claudio Willer, dirige a revista Agulha (www.revista.agulha.nom.br) - Prêmio Antonio Bento (difusão das artes visuais na mídia) da ABCA/2007. E-mail: agulha.floriano@gmail.com

domingo, 2 de agosto de 2009

Cruzando as pontes



O poeta português Nicolau Saião tem uma bibliografia extensa em Portugal. Nasceu em 1946, fez parte do segundo movimento surrealista português (nos anos 60) e só começou a publicar na década de setenta. Seu livro de poesia Os olhares perdidos foi selecionado e publicado no Brasil pela Escrituras na coleção Ponte Velha. Nele encontramos poemas da seguinte cepa:

PALAVRA

São apenas três manchas brancas sobre as plantas do jardim
e outra azul mais pequena mesmo posta ao lado dum banco de
tábua

E nós pensamos: uma para as saudades, a segunda para os
remorsos
a terceira para os que tentam reter a tosse que os sufoca.
Mas a quinta mancha é cinzenta. E apesar de fria como um
sobressalto
pesa-nos no peito, pesa-nos na memória e revolve-se
no ventre enquanto tentamos reflectir angustiados.

Uma lua e um Sol estão sobre a silhueta de um animal morto
hirto, com estranhos círculos no lombo, os olhos cintilando
como alguém escondido numa viela cheia de lixo.

A vossa vigília durará até que os ramos se afastem
que o transeunte de acaso de repente caia de joelhos
ante a noite que chega, guardando um grito na garganta

e fale mansamente olhando as árvores que desaparecem na
luz.


Nicolau Saião, gentilmente, nos respondeu por e-mail à três questões essenciais:

1) O que é poesia para você?

Busquemos distinguir desde já: há a poesia inerente às coisas, essa que subjaz ao acontecimento de viver com tudo o que lhe pertence – contentamentos e mágoas, sabores e cheiros, os ruídos e o silêncio, o alto e o baixo, o de fora e o de dentro, como sagazmente diziam os antigos ou modernos alquimistas. A poesia que existe no “simples cair dum lenço”, para usar a expressão de Péret.
Ou seja, aquilo que se propicia através da simples existência sensível e nos permite perceber a beleza, como por exemplo dizia Raymond Macherot, “que reside no reflexo dum raio de sol, quase ao crepúsculo, ao bater na porta de madeira dum armário antigo”. Ou, como referia Cesariny, sentir algo “tão alto e seroal/ tão de minha invenção”.
Depois há a poesia que nós fazemos ou que outros fazem, aquela poesia palpável que se constrói ou desconstrói, em todo o caso se forja, através da escrita, da palavra posta na brancura do papel. E que apanhamos dum momento para o outro, de súbito, que nos chega sem sabermos bem de onde veio, de que recantos misteriosos partiu. E, noutras alturas, atingimos depois de um trabalho aturado e que, a uma volta da frase, apanhamos de chofre e logo após guardamos como um tesoiro, como uma descoberta amorável e definitivamente plasmada no tempo e no espaço.

2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?

Se te referes a um iniciante na escrita, no criar poesia mediante a escrita, creio que deve saber escutar os sinais que o rodeiam, as vozes interiores e exteriores que existem e que o poeta, se o é, pode captar para depois lhe possibilitar escrever perduravelmente. Escrever mesmo, ser persistente – é preciso ter músculo para resistir às emboscadas e aos embustes - não escrevinhar ou recrear-se através da escrita, o que os literatos muitas vezes fazem com os piores resultados para os que amam verdadeiramente a poesia e para o que a poesia realmente é.
E ter, de igual modo, a humildade de saber que dependemos dessa coisa um pouco secreta, um pouco velada, um pouco desconhecida, que é a organização das palavras de certa forma algo imprecisa.
A poesia nada tem que ver com a literatura, essa que os aproveitadores ou os simples falsários erguem (como se ergue um bloco de apartamentos...) e que depois habitam com todas as vantagens que em geral esse tipo de gente artilha.
A poesia pode ser e muitas vezes é uma maldição, ou uma incursão no mistério, ou uma aventura no mal, ou uma naturalidade doméstica... Mas nunca um sujeito de literatura, como infelizmente certa gente medíocre ou primária, mas altamente colocada sectorialmente, no país que melhor conheço (Portugal) pretende incutir nas gentes.
Creio que me faço entender...

3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que estas escolhas?

Há poetas de grande qualidade, que profundamente apreciamos, mas cujo mundo enquanto hacedores, contudo, está completamente distante das nossas próprias pesquisas, da nossa pessoal via poética. Dito isto, citaria o nome de Samuel Becket pela exemplar desconstrução do poema e da escrita a que se entregou e submeteu; o de Rilke, pela persistência em excursionar por mundos pouco prováveis de darem rendimento perante os donos da circunstancia temporal e devido à capacidade de se emocionar ante os ritmos do mundo; e o de Czeslaw Milosz, pela coragem que teve de ser poeta autónomo e autentico no recinto de feras em que teve de viver durante largo tempo.
Estes são nomes, note-se, entre vários outros que também poderia epigrafar. Mas são absolutamente representativos do que sinto e por isso os relevo.
Textos referenciais? O que vou dizer talvez não seja muito canónico, mas é sincero e por isso - contra ventos e marés, rs – aqui o deixo dito (se o não fizesse estaria a atraiçoar a minha juventude de forma repelente e cobarde): alguns textos que mais me fizeram sentir a maravilha, a variedade da escrita, foram – nos meus 14/15 anos os que encontrei nas Selecções do Reader's Digest (edição brasileira) dos tempos da Segunda Guerra Mundial e que estavam na biblioteca de meu padrinho. Eram extractos de obras da literatura universal, tanto ali se encontravam trechos de Vítor Hugo como de Garrett, de Victor Heiser como de Henry Morton Stanley, etc.
Isto em primeiro lugar. Seguidamente, pedaços da monumental obra de Alves Morgado “História da Criação dos Mundos”. Depois e finalmente, reflexões de “Ofício de viver” e alguns poemas singulares de “Trabalhar cansa” de Cesare Pavese, em paralelo com o extraordinário trecho sobre a génese da criação poética inserida a dada altura no rilkeano “Os cadernos de Malte Laurids Brigge”.

Atalaião, 2009


Nicolau Saião – Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico. Em 1992 a Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan” (1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair). No Brasil foi editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica (“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Escrituras Editora. E-mail: nicolau19@yahoo.com

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quinta Poética




Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

José Geraldo Neres (anfitrião) (Garça SP, 1966) - Poeta, ficcionista, roteirista, autor dos livros Outros silêncios, (poesia, Escrituras Editora, 2009), Prêmio Programa de Ação Cultural - ProAC - Concurso de Apoio a Projetos de Publicação de Livros no Estado de São Paulo, 2008 e Pássaros de papel (Projeto Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). Atua na área de Gestão Cultural, como produtor cultural, arte-educador, ministrando oficinas literárias, ênfase em criação literária e estímulo à leitura.

Edson Bueno de Camargo nasceu em Santo André (SP) em 1962 e mora em Mauá (SP). Publicou: De Lembranças & Fórmulas Mágicas (Edições Tigre Azul/FAC Mauá 2007); O Mapa do Abismo e Outros Poemas (Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006), Poemas do Século Passado-1982-2000 e participou de algumas antologias poéticas. Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê da cidade de Mauá - 1º lugar nacional - 4º CONCURSO LITERÁRIO DE SUZANO – Categoria Poesia (2008) e 1º lugar do PRÊMIO OFF-FLIP DE LITERATURA 2006 – categoria Poesia.

João de Jesus Paes Loureiro - é poeta, prosador e ensaísta. Nasceu em Abaetetuba, Pará, às margens do rio Tocantins. É professor de Estética, História da Arte e pesquisador da Cultura Amazônica. É mestre em Teoria Literária e Semiologia pela PUC de Campinas e doutor em Sociologia da Cultura na Sorbonne, em Paris, com a tese Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Sua obra Altar em Chamas (Civilização Brasileira) recebeu o prêmio nacional de poesia da APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte em 1984 e Romance das Três Flautas, edição bilíngüe português/alemão (Roswitha Kempf Editora) foi finalista do Prêmio Jabuti em 1987. Suas obras mais recentes são: Pássaro da terra (teatro, 1999), Obras reunidas (4 volumes, 2000), Do coração e suas amarras (2001), Fragmento/Movimento (2003), todos publicados pela Escrituras Editora, e Au-delà du méandre de ce fleuve, Acte-Sud, França (2002). Site: http://www.paesloureiro.com/

Marcelo Ariel é escritor e dramaturgo. Nasceu em Santos (SP) em 1968. Autodidata, mantém desde 1988 um sebo itinerante chamado O Invisível. Publicou, pelo Coletivo Dulcinéia Catadora, o livro Me enterrem com a minha ar 15 e, pelo selo LetraSelvagem, o Tratado dos anjos afogados e O céu no fundo do mar também pelo Coletivo Dulcinéia Catadora. Blog: http://www.teatrofantasma.blogspot.com/

Jorge de Barros (jovem poeta) tem 29 anos, nasceu em Santo André (SP), mas, conforme os costumes nordestinos, seu “embigo” foi enterrado no terreiro de casa em Mauá (SP). Formado em Letras, leciona há seis anos. É também blogueiro, cineclubista, contista, sindicalista e estudante de Ciências Sociais. Comete versos já há algum tempo, mas vem fazendo isso publicamente no ooficiodoocio.blogspot.com

Henrique Crispim é músico, compositor, poeta e atua no Grande ABC há mais de 8 anos. Participa do Clube Caiubi de Compositores, tendo se apresentado nos Festivais Internacionais da Canção em São Paulo. Recebeu o Prêmio Cantores de Andrade e menção honrosa no Mapa Cultural Paulista em 2005 e 2006, nas categorias de Canto Coral, como regente e defendendo suas canções. Coordena o Grupo Pierrot Não é Palhaço e está produzindo o CD de seu trabalho solo intitulado o Livro de Krisna, Cristo e Dionísio, que traz parcerias com compositores e poetas da região, como José Geraldo Neres e Cláudio Willer.

Percutindo Mundos é um projeto experimental de música contemporânea caiçara que trabalha com o universo da percussão, poesia e filosofia. As composições obedecem a uma linha de percussão melódica, minimalista e tribal, refletindo a condição humana e suas relações entre ancestralidade e contemporaneidade. Márcio Barreto (composição, luthieria, voz, percussão, flauta, escaleta, rabeca), Fernando Santos (percussão), Paulo Infante (voz, percussão), Thais de Freitas (voz, percussão), Galeno Malfatti (luthieria, percussão).

Kiusam de Oliveira (Santo André - SP, 1965) - Pedagoga, bailarina, coreógrafa, Doutora em Educação e Mestre em Psicologia (USP). Atua como gestora pública na Secretaria de Educação de Diadema, arte-educadora ministrando oficinas sobre empoderamento feminino a partir da pedagogia da afrodescendência através da Dança Mítica dos Orixás. Especialista nas temáticas racial e de gênero e autora da coleção infanto-juvenil "Omo-Obás: Histórias de Princesas", Mazza Edições (no prelo).

Marcello Santos – etnomusicólogo da Caravana Cultural (Ceará) - caravanaculturalce.blogspot.com


Quinta-feira, 30 de julho de 2009
a partir das 19h


Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499

domingo, 26 de julho de 2009

Despertando a cidade com a poesia


[O poeta José Geraldo Neres participa da QUINTA POÉTICA na Casa das Rosas e 25/6/2009, promovido pela Escrituras Editora.]


AQUI ESTOU

desperta a cidade
em passos embriagados
faminta e cega

no seu sexo uma borboleta de navalhas
avança pelas paredes
sua voz aguda a engravidar edifícios

nas sombras dos homens mulheres crianças
sua boa respira espelhos
avança
não conhece o silêncio
avança

a construir avenidas de perguntas
ela me habita
abre-me os olhos
reconheço-me nas suas carnes
sou o estranho a caminhar nos seus vapores

sua voz avança em ruídos de sangue
enxuga seus olhos no ventre de uma velha senhora
elas se abraçam esculturas de jogo
pernas misturam-se
línguas recriam-se

aqui estou
cidade corpo faminto e cego
seus passos embriagados se hospedam em minha boca


José Geraldo Neres nasceu em Garça, SP, 1966. Ficcionista, roteirista e cofundador do grupo Palavreiros. Publicou Pássaros de papel (Projeto Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007 e Outros Silêncios, pela Escritura Editora, 2009, livro de onde retirou e recitou o poema acima. Email do poeta: jgneres@uol.com.br

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O cangaço na poesia brasileira (uma antologia)



Quando se pensa na presença do cangaço na literatura brasileira, imagina-se que tal presença se esgota na prosa de ficção e na poesia popular nordestina, a literatura de cordel. Poucos se dão conta, porém, de que o cangaço também tem deixado a sua marca em nossa poesia erudita.

A princípio, essa marca se impõe devido ao interesse de natureza testemunhal que o cangaço desperta nos poetas que lhe são contemporâneos; depois, com o passar dos anos, de modo semelhante ao ocorrido com o nosso romance, tal interesse começa a se transmudar em fascínio que ainda hoje se faz notar em poetas da novíssima geração.

O livro O cangaço na poesia brasileira, publicado pela Escrituras Editora, pretende dar uma medida daquilo que os poetas eruditos brasileiros têm produzido a partir do tema em questão. Com seleção e prefácio de Carlos Newton Júnior, a obra conta com poemas de Aleixo Leite Filho, Alexei Bueno, Ariano Suassuna, Ascenso Ferreira, Astier Basílio, Audálio Tavares, Braulio Tavares, Carlos Newton Júnior, Carlos Pena Filho, César Leal, Dorian Gray Caldas, Francisco Carvalho, Homero Homem, Jáder de Carvalho, Janice Japiassu, Jayme Griz, João Cabral de Melo Neto, Jorge de Lima, José Nêumanne Pinto, Luciano Maia, Luiz Carlos Monteiro, Márcio de Lima Dantas, Marcos Tavares, Marcus Accioly, Maria José de Carvalho, Maximiano Campos, Murilo Mendes, Myrian Fraga, Nertan Macêdo, Newton Navarro, Paulo Bandeira da Cruz, Sânzio de Azevedo, Sérgio de Castro Pinto, Virgílio Maia e Walmir Ayala.

Os mais antigos poemas desta antologia remontam a 1927 — quando o mais famoso cangaceiro, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, se encontrava no auge de seu poder —, estendendo-se até os autores contemporâneos.

“O cangaço é a expressão contínua de irredentismo que falta agregar à historiografia brasileira dos cinco séculos de colonização (...)
Pé ante pé, somente agora as letras científicas estão chegando à compreensão pungente que Carlos Newton Júnior nos mostra ter sido desfraldada desde ontem pelos alados da poesia.”
Frederico Pernambucano de Mello


Seleção e prefácio de:
Carlos Newton de Souza Lima Júnior nasceu no Recife (PE), em 7 de setembro de 1966. É professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), poeta e ensaísta. No campo da poesia, publicou O homem só e outros poemas (1993), Canudos: poema dos quinhentos (1999), Nóstos (2002), Poeta em Londres (2005) e De mãos dadas aos caboclos (2008). Organizou e prefaciou, entre outros livros, a poesia reunida de Ariano Suassuna, para a Editora Universidade da UFPE (Poemas, 1999), os ensaios do mesmo autor, para a editora José Olympio (Almanaque Armorial, 2008), e o álbum iconográfico Portal da Memória (2005), publicado pelo Senado Federal por ocasião do cinquentenário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), instituição na qual lecionou durante dezessete anos.